21/12/2013

REI DO BREGA: Confira a trajetória de vida de Reginaldo Rossi


Crédito: Otavio de Souza/DP/D.A Press

O Rei tem origem em uma humilde família recifense do bairro dos Coelhos. Os pais naturais são Porfírio Rodrigues e Maria das Mercês, mas os pais legais são Adalgisa Rodrigues e Ivan Batista dos Santos, com quem foi morar no Rio de Janeiro, aos quatro anos, após perder o pai. Seu Porfírio era artista cômico, sapateador e cantor. Guardava com orgulho recortes de jornal nos quais aparecia, mas a relíquia foi perdida em uma das cheias do Recife. Quando Reginaldo tinha 13 anos, perdeu também a tia e voltou à cidade natal, junto com a avó Antônia. É da matriarca o sobrenome Rossi.

O gosto pela música deve-se a uma prima, estudante de música e responsável pela trilha musical dos estudos escolares de Reginaldo e pela apreciação da música instrumental persistente até o fim da vida. Mas ele preferiu se dedicar aos hits das rádios, reproduzidos nos bares da cidade, em casa e na escola. Até receber o convite para a primeira participação em um programa de televisão, da qual virou frequentador assíduo. O então aluno do Colégio Porto Carreiro foi convidado por um dos diretores para o quadro Meu colégio é o maior, do programa Atrações do meio-dia, em 1962.

Com apenas 19 anos, Rossi já mostrou a que veio: convocou seis garotas e entrou em cena com figurino à la Elvis Presley, cantando e tocando ao violão a música-tema do filme Fúria no Alasca. O jeitão namorador e o estilo espontâneo, marcas registradas da carreira, renderam vários outros convites. Rossi logo virou uma espécie de celebridade local, dividido entre a música, a faculdade de engenharia, curso que frequentou por quatro anos, e aulas de matemática. A banda Silver Jets, definida pelos integrantes como Beatles do Recife, foi o primeiro grupo, com canções do quarteto britânico, rock e sucessos da Jovem Guarda, popular entre os jovens da época, no repertório. Reginaldo dizia não se lembrar bem o motivo da saída da banda, mas, como acionista, herdou uma caminhonete e um piano velho.

Entre a estreia no Meu colégio é o maior e o lançamento do primeiro LP, O pão (1966), lançado pela Chantecler, foram quatro anos. A apresentação, em uma noite de sábado, lotou o salão de um galpão por trás da Igreja Velha de Jardim São Paulo, de acordo com o jornalista Wilde Portela, na biografia Reginaldo Rossi: O fenômeno, a única dedicada ao ícone da música pernambucana, escrita com base em várias entrevistas com o próprio artista, reportagens e uma (sortuda) dose de testemunho ocular. À banda de Portela, coube o show de abertura do lançamento de O pão, cuja repercussão já fomentou as bases do trono do Rei.



"Eu era uma estrela e ganhava cem cruzeiros por show. Certo dia, chegou um telegrama de Manaus me convidando para fazer quatro shows por dois milhões de cruzeiros. Era simplesmente vinte vezes mais. Nem acreditei! Mostrei para os amigos perguntando: ‘Olha, quanto tem aqui?’ Eles confirmaram a quantia. Bicho! Pirei na hora”, conta Rossi, em depoimento a Wilde Portela. A repercussão nacional chegou na década de 1970, com Era domingo e Mon amour, meu bem, ma femme, perdeu força na década seguinte, durante os anos áureos do rock nacional, e voltou com tudo na segunda metade da década de 1990.

Em 1995, a carreira foi afetada por um grave acidente de carro. “O cantor e compositor Reginaldo Rossi sofreu fraturas de seis costelas e uma clavícula, além de ferimentos na cabeça, boca e nariz, numa colisão, ontem pela manhã, em Piedade, entre o Vectra JM 3112, que dirigia, e o ônibus da empresa São Judas Tadeu, placa ZP 3239”, noticiava o Diario de Pernambuco, no dia 9 de junho. Foram meses em recuperação, face ao risco de se tornar paraplégico.

Rossi se livrou do medo de não poder mais andar, mas precisou vender carro, casa, aparatamento, terreno e encarar uma série de dívidas. A recuperação, claro, veio da música. Com Reginaldo Rossi - Ao vivo (1998), Garçom, lançada em 1987, estourou nacionalmente, ele voltou a ser requisitado pela mídia nacional, atingiu um milhão de cópias vendidas e nunca mais teve questionado o título de Rei do Brega. 

Veja um pouco da vida do Rei do Brega:


1943
Nasce Reginaldo Rodrigues dos Santos Rossi, filho de Porfírio Rodrigues e Maria das Mercês

1947
Muda-se para o Rio de Janeiro, após a morte do pai

1956
Volta para o Recife com a avó, Antônia, depois de perder a tia Adalgisa Rodrigues, a mãe de cartório

1962
Faz a primeira participação na televisão, no programa Atrações do meio-dia. Interpreta a música-tema do filme Fúria no Alasca, acompanhado de seis garotas

1964
Funda o grupo Silver Jets, com repertório influenciado pelo iê-iê-iê dos Beatles e pela Jovem Guarda

1965
Grava o primeiro LP, O pão, lançado no ano seguinte, pela Chantecler

1970
À procura de você, lançado pela CBS, afasta Reginaldo do rock e o aproxima da música romântica (Cravo Albim)

1987
Lança Garçom, música responsável por despontar seu sucesso no Sul e Sudeste do país no fim da década de 1990

1995
Sofre grave acidente de carro e passa meses em recuperação. Recebe, da Fundação de Cultura do Recife, o título de Rei da Jovem Guarda do Recife

1998
O disco Reginaldo Rossi - Ao vivo marca o retorno de Reginaldo Rossi às paradas nacionais. Garçom é a faixa de destaque

2000
Roberta Miranda grava Garçom, em A majestade, o sabiá (Cravo Albim)

2006
O primeiro DVD, Reginaldo Rossi - Ao vivo, reúne sucessos da carreira, como O dia do corno, Eu devia te odiar, Volta amor, Mon amour, meu bem, ma femme e Garçom

2008
Candidata-se a vereador pelo PDT. Não é eleito

2011
Conquista o Prêmio da Música Brasileira, na categoria melhor cantor de canção popular, por Cabaret do Rossi (2010), concorrente ainda na categoria melhor álbum de canção popular


Do Diário de Pernambuco



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