10/10/2017

Crescimento do Brasil será maior em 2017 e 2018, projeta FMI

Plantação de soja – Paulo Fridman / Bloomberg

O Brasil foi um dos destaques positivos do relatório “Perspectivas Econômicas Mundiais” (WEO, na sigla em inglês), divulgado na manhã desta terça-feira em Washington. Juntamente com a Rússia, o país foi o que registrou maior variação positiva para as previsões de crescimento no grupo das 16 nações destacadas pelo Fundo. De acordo com a instituição, o país crescerá 0,7% neste ano e 1,5% em 2018, valores, respectivamente, 0,4 ponto percentual e 0,2 ponto percentual que o estimado na última previsão, divulgada em julho.
“No Brasil, o forte desempenho das exportações e um menor ritmo de contração na demanda doméstica permitiram que a economia voltasse a crescer positivamente no primeiro trimestre de 2017, após oito trimestres de declínio”, informou o documento, que ainda responsabiliza a retomada a “uma safra abundante e um impulso para o consumo, inclusive com a permissão dos trabalhadores aproveitarem os recursos do FGTS.”
O Fundo, contudo, afirma que a incerteza política ainda afeta a economia brasileira. “A fraqueza contínua no investimento e o aumento da incerteza política” fazem com que, mesmo com o recente aumento das projeções, o crescimento esperado para 2018, de 1,5%, ainda seja 0,2 ponto percentual abaixo do que o estimado pelo FMI em abril, quando — antes do escândalo que abateu o governo de Michel Temer — a instituição esperava que o Brasil fosse crescer 1,7% no próximo ano.
Projeções do FMI para a economia Global
Número entre parênteses mostra diferença entre a previsão passada, de julho, em pontos percentuais
— Nossas projeções trazem um fim da recessão no Brasil. Tivemos dois trimestres consecutivos de crescimento positivo, então o Brasil parece ter entrado em um momento de virada. Por conta da instabilidade em andamento no cenário político, em termos de políticas, nossa perspectiva é bastante fraca. Nós esperamos uma recuperação bem abaixo do esperado daqui para a frente — afirmou Oya Celasun, chefe do departamento de pesquisa do FMI.
Segundo Oya, o Brasil precisa de mais “solidez” em sua situação fiscal antes de retornar a uma fase de maior crescimento, apesar de ter elogiado a aprovação da PEC do teto dos gastos públicos, no fim do ano passado. E, para isso, a reforma da previdência é necessária, em sua opinião:
— O próximo passo importante é aprovar a reforma da Previdência em um tempo razoável, sem muitas alterações a partir do que foi proposto pelo governo — disse Celasun.
Ela ainda afirmou que o Brasil precisa acelerar reformas estruturais para estimular o crescimento potencial, além de aumentar os investimentos em infraestrutura e melhorar o ambiente de negócios, incluindo a alocação de créditos em geral, reformar os bancos estatais e melhorar a eficiência do crédito.
Em nota, o FMI diz ainda informou que “uma reforma gradual da confiança — como reformas fundamentais para garantir a sustentabilidade fiscal serão implementadas ao longo do tempo — deverá aumentar o crescimento para 2% no médio prazo”.
“No Brasil, abordar a questão das despesas insustentáveis, inclusive com a reforma do sistema de aposentadoria, é prioridade para restaurar a confiança e promover o crescimento sustentado do investimento privado.”
O fundo ainda alertou em suas projeções que o desemprego deve fechar 2017 em 13,1% e em 2018 ficará em 11,8%. Por outro lado, a inflação deve fechar 2017 em 3,7% e alcançar 4% no próximo ano. O FMI ainda indica que o real se depreciou em mais de 4% com a flexibilização da política monetária e as preocupações com a agenda de reformas — que foram afetadas pela crise política.
A melhoria no ambiente de negócios no Brasil também foi destacado, bem como os esforços para promover uma redução da corrupção:
“As ações decisivas para melhorar a governança e o estado de direito ajudam a controlar a corrupção, fortalecendo a confiança das empresas e aumentando o investimento em alguns países (por exemplo, Brasil, México e Peru). O fortalecimento das instituições também pode ajudar a reduzir as percepções de risco do país e atuar como uma força de compensação contra um possível aperto das condições financeiras globais”, afirma o documento do Fundo, que ainda elogiou os esforços do Brasil para fazer deslanchar seu programa de concessões na área de infraestrutura.
O Globo

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